terça-feira, 18 de junho de 2013

Sem estrutura, com Copa

O Brasil já começou errado. A "descoberta", a colonização, a independência, a República... marcos importantes na nossa história que sempre trazem duas versões: a oficial e a oficiosa. A oficial é sempre épica, gloriosa. A oficiosa é sempre repleta de mentiras, trapaças, traições, corrupção. Está explicado porque somos um dos povos que mais consomem cosméticos no mundo, maquiagem é com a gente mesmo!

E o tempo vai passando, pouca coisa muda (podemos dizer que algumas apenas ganharam uma versão mais moderna). A primeira capital do país, por exemplo, tenta ser uma grande metrópole mas não passa de uma província do século XXI. Uma capitania hereditária, quase que literalmente - se olharmos nas mãos de quem a cidade foi entregue nas últimas eleições...

Uma cidade que tem como característica ter um período chuvoso intenso durante os meses que não tem "r" no nome, mas que todo ano sofre com alagamento, deslizamentos de terra, congestionamentos, buracos e todos os transtornos que uma cidade de papel pode enfrentar com as gotas que caem do céu. Por ousadia, coragem, loucura ou qualquer outra razão, a cidade se candidata a receber um evento esportivo de porte internacional, quando basta alguém organizar uma festa com mais de 100 convidados para que o caos fique ainda maior. 

Com a proximidade da chegada da Copa das Confederações, o que vemos é a imobilidade urbana, e a maquiagem para receber os turistas - que preferiram outros destinos, mas ainda assim vieram em pouco número. Um grande empreendimento, um shopping a céu aberto, hoje é cenário de assaltos, estupros, abandono, descaso com o dinheiro público. Tudo isto encoberto com tapumes em metal, para inglês não ver. Ele pode não ver neste trecho, mas certamente vai passar pelo metrô de 6km que não foi finalizado após uma década de construção, vai passar pelo viaduto escorado porque foi mal projetado e pode cair. Vai passar pela orla suja, decadente, sem atrativos. E vai ter muito tempo para ver tudo isto, afinal, a cidade não anda. A ponto de termos que decretar feriado nos dias dos jogos, para diminuir o fluxo de veículos (fluxo não é a palavra certa, dá ideia de movimento, algo que só se consegue a pé por aqui). 

Mas nem tudo está perdido. As pessoas começam a ir para a rua em manifestos que pedem mais saúde, educação, segurança, dignidade, ou simplesmente não pedem nada mas estão ali, fazendo número para o movimento na esperança de que o trio elétrico chegue. Começou um pouco tarde, era para se exigir antes que o Brasil não fosse candidato a receber uma Copa do Mundo, ou alguém achava que todas as obras seriam entregues no prazo, melhorariam a vida da população e gastariam apenas o previsto no orçamento?

Não adianta ir para o estádio e vaiar a presidente. O melhor é não ir ao estádio, não pagar um absurdo por um ingresso, por um alimento, por uma bebida, pelo deslocamento. O circo está aí, o pão não. Enquanto alguns vibram pelos gols da seleção, os preços aumentam, a violência aumenta, o desemprego aumenta. Precisamos de um basta em tudo isto. Os manifestos têm que chegar às urnas no próximo ano, pedir mudanças agora e eleger as mesmas pessoas em 2014 não vai alterar nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário