quarta-feira, 27 de agosto de 2008

João Gilberto e a geração de empregos temporários

A fila para comprar ingressos para o show de João Gilberto em Salvador estava tão grande quanto fila para comprar ingressos para jogo de final do campeonato baiano entre a dupla Ba-Vi! Os primeiros a ter este privilégio dormiram no local, trocando as suas confortáveis camas pelas instalações do Teatro Castro Alves. O visual da fila estava lindo. Com o sol de pleno inverno e a temperatura ali pelos trinta graus, várias sombrinhas se exibiam na tentativa de seus donos de se proteger dos raios ultravioleta... Um colorido fantástico!!!

Fiquei um tempo a observar as pessoas na fila. Um rapaz chegou, fez uma estimativa do número de pessoas aguardando e desistiu. Sabendo a capacidade do teatro ele sabia que enfrentaria horas de espera em vão. Um conhecido me viu nas redondezas e ficou todo feliz achando que tinha alguém guardando o meu lugar na fila... quase chorou quando eu lhe disse que estava apenas de passagem...

Os idosos tinham prioridade e os netinhos todos se aproveitaram disso, qual o problema de vovô ficar horas em pé na fila? Ajuda a circulação sanguínea (ou não). Tinha várias pessoas com um "look pagodeiro" aguardando ansiosamente por um ingresso. O sincretismo também é musical na Bahia.

E chegam as emissoras de televisão locais para fazer reportagem sobre a fila. Que pauta!!!! Até Zé Bim estava lá. Infelizmente uma multidão o cercava e eu desisti do pedido de autógrafo. A princípio eu achei que Zé Bim e João Gilberto não combinam mas lembrando que Zé trabalha no programa "Que venha o povo" e olhando o tamanho da fila... bem apropriado!!!!

E João Gilberto movimentou a economia soteropolitana!!! Todos nós sabemos que várias pessoas que estavam ali dispostas a pagar R$ 180,00 por um ingresso para o show de João Gilberto o faziam porque tinham a certeza que existem outras várias pessoas dispostas a pagar o dobro, o triplo, o quádruplo ou sei lá quanto por esta preciosidade... pagam o preço de não dormir ao relento, o preço da comodidade. Os vendedores de água e salgadinho já estavam passeando por lá, em um gesto de solidariedade com toda aquela multidão. Alimentando a fome de comida para que as pessoas alimentassem a fome de cultura (que lindo, não?) A revenda de ingressos em disputa acirrada e o filão de mercado de comes e bebes perto da saturação (bom para os consumidores pela ampla concorrência e variedade da oferta). Sobraram as sombrinhas, os chapéus, os bronzeadores... como ninguém enxergou isso? Miopia de marketing, dizem os especialistas... Perderam uma excelente oportunidade e o pobre (?) do João Gilberto vai ter que contabilizar estas vagas a menos na sua linda atitude de antecipar as vagas temporárias do Natal...

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