segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Incêndio em Santa Maria, Rio Grande do Sul

Não tem como ser outro assunto a postagem de hoje, a tragédia em Santa Maria. Impossível não se comover com a dor das famílias que nunca mais vão abraçar e beijar os filhos, os netos, os sobrinhos. Mas também é impossível não se indignar com o comportamento de algumas pessoas, que disseminam fotos das vítimas fatais na internet e faltam com o respeito aos que se foram, e aos que ficaram. Impossível também não rejeitar parte da imprensa, sensacionalista, mercenária, inconveniente. 
É mesmo necessário perguntar a uma mãe que chora abraçada ao caixão do filho o que ela está sentindo?É realmente imprescindível dedicar horas e horas de cobertura ao assunto sem trazer novidades, apenas torturando as famílias com a repetição descabida de imagens das vítimas e do resgate e depoimento dos sobreviventes? E ouvindo estes depoimentos, a imprensa conclui o próprio inquérito e indicia, julga e condena os culpados, forçando a opinião pública a pressionar por desfecho semelhante na vida real. Com que direito? Com que autoridade? Para que existe a polícia, o Ministério Público, a Justiça? 
Não estou defendendo ninguém, estou defendendo a apuração dos fatos, o direito de defesa, a punição dos comprovadamente culpados. Estou defendendo uma imprensa ética, que contribui para a formação e informação de cidadãos. Toda área tem bons e maus profissionais, e com o jornalismo, felizmente, não é diferente. Alguns relataram os fatos, buscaram ouvir os dois lados, e suscitam uma discussão sobre a segurança em casas noturnas brasileiras. Mesmo que estes sejam a minoria, alimentam a certeza de que é possível sim termos um jornalismo ético, sério e comprometido. Um alento no meio de tantas tragédias.

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